Por Alessandro Zagatto*
28/08/2023 – A prática regular de atividade física é importante em qualquer idade para melhorar indicadores de saúde ou mesmo reduzir fatores que possam ocasionar algum distúrbio funcional ou metabólico, como o aumento da gordura corporal e o aumento de glicose no sangue (glicemia). No caso dos idosos, o tênis de mesa é uma atividade prazerosa e que pode melhorar significativamente a qualidade de vida.
Um artigo publicado pela iraniana Aynollah Naderi comparou parâmetros relacionados à saúde entre pessoas idosas praticantes de tênis de mesa e sedentárias. Os autores focaram, principalmente, em aspectos antropométricos, como volume de massa muscular (relacionada à produção de força e movimento), tecido adiposo (gordura, relacionada a problemas metabólicos, cardíacos e fisiológicos) e massa óssea (associada ao aumento de fraturas devido à perda de material ósseo com o processo de envelhecimento), assim como na análise da força muscular e na capacidade de se deslocar com eficiência.
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No processo de envelhecimento, a perda da massa muscular prejudica a produção de força, o que impacta diretamente na redução da capacidade funcional e limita ações rotineiras em nossa vida, como o simples ato de atravessar uma rua. Além disso, a redução da capacidade funcional e a alteração corporal da massa óssea podem até levar a quedas frequentes por desequilíbrio, com risco de fraturas.
Os autores avaliaram 20 jogadores de tênis de mesa recreacionais, com média de idade de 69 anos. O tempo de prática da modalidade de todos variava entre 5 e 19 anos (média de 11 anos de prática), com uma frequência de duas a cinco vezes na semana. O grupo foi comparado com 20 idosos de mesma idade que não praticavam atividade física havia pelo menos dois anos.
A prática regular do tênis de mesa levou a um aumento na capacidade funcional, que foi avaliada pelo tempo de execução de deslocamento de 4m (agilidade) e 400m (resistência), assim como o tempo gasto para executar cinco ciclos de sentar e levantar da cadeira. Os autores verificaram ainda um aumento da força com a prática do tênis de mesa, relacionada à maior capacidade de locomoção e a alterações ósseas.
Por fim, os autores também reportaram redução significativa no percentual de gordura total, massa gorda total e localizada nos braços, pernas e tronco, e aumento da densidade mineral óssea (indicador de quantidade de osso por volume corporal e indicador para diagnóstico de osteopenia e osteoporose) total, nos braços e pernas. Apenas a coluna vertebral não teve diferença na densidade mineral óssea, principalmente pelo fato de o tênis de mesa causar pouco impacto vertical (como atividade de saltos).
Os autores concluíram que o tênis de mesa é uma excelente alternativa para melhorar a capacidade funcional e a saúde óssea geral, melhorando os indicadores de atividade diária. Assim, pense na sua qualidade de vida em todas as fases da vida, mas principalmente ao longo do tempo, quando biologicamente nossa capacidade funcional é reduzida. Tentar retardar a degradação funcional é um objetivo muito importante, que pode ser alcançado de forma divertida e segura.
FONTE: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6016501/
*O Dr. Alessandro Zagatto é Doutor em Ciências da Motricidade – UNESP e Docente do Departamento de Educação Física UNESP – Bauru-SP